A verdade é que ser Médico Veterinário, MBA e Mestrando em Gestão, deixa-me duplamente angustiado com esta crise.
As ameaças são muitas, mas as oportunidades também.
Em primeiro lugar vamos falar da emergência de saúde pública, causada pelo Covid-19 e que Portugal tem conseguido gerir de maneira absolutamente exemplar. Mais uma vez tenho um orgulho imenso em ter nascido e ficado neste maravilhoso país. Dentro da nossa cultura latina, temos uma capacidade extraordinária de perceber quando existem ameaças e de acatar recomendações e ordens, pelo bem comum!
Muita tinta tem corrido sobre a eficácia e eficiência das medidas tomadas pelas nossas autoridades, mas a verdade é que por esta altura seria expectável ter o nosso sistema de saúde no limite ou até já em rotura, mas o que estamos a assistir é a uma capacidade de resposta que supera a procura pelos cuidados intensivos.
Obviamente que há muito a agradecer a quem está no terreno a trabalhar em condições muito abaixo do nível ideal, assim como há que dirigir condolências aos que perderam familiares nesta pandemia, mas na verdade a situação poderia ser muito pior, como temos visto em vários outros países.
Segue também um agradecimento especial às equipas médico-veterinárias que têm mantido os serviços essenciais, em todas as suas áreas de atuação, mantendo a confiança daqueles que precisam de nós num momento tão difícil como o que estamos a passar. Segue também uma palavra de apreço à nossa Ordem, que tem sido incansável na gestão desta crise.
O problema principal das medidas adoptadas pelo nosso e pela maioria dos governos que optaram pela quase paralisação dos seus países, com as quais concordo a 100%, é a incerteza do tempo que vão demorar.
Já todos percebemos que estamos longe de uma corrida de 100 metros, e muito mais perto de uma longa maratona ou até de um ultra trail, mas a questão que se coloca é até quando esta situação se prolongará.
Esta dúvida, leva-nos a outra. Qual será o impacto desta crise na economia real?
Quantos trabalhadores se manterão em Lay Off? Quantas empresas irão à falência? Quantos trabalhadores ficarão desempregados? Quantas famílias verão o seu rendimento disponível diminuir, de modo a deixar de ter liquidez para injetar na economia? Quantas empresas e cidadãos irão pagar menos impostos, que suportam as finanças públicas e eventuais apoios ao que estiverem com maiores dificuldades?
A verdade é que a economia estuda ciclos com base em dados do passado, e na nossa geração esta situação é completamente nova (longe vai o tempo da Gripe Espanhola, em que o mundo não tinha o nível de globalização do nosso século).
Assim sendo, tudo vai continuar uma incógnita, no entanto uma coisa parece certa: as boas práticas de gestão continuarão a prevalecer e as empresas sólidas serão sempre as últimas a ser afetadas.
Os nossos clientes podem ficar descansados durante algum tempo, porque a resiliência dos nossos modelos de gestão a uma crise deste tipo, estão a provar os seus resultados. Para aqueles que já tiveram oportunidade de nos ouvir em palestras ou congressos, fica agora claro a importância dos fundos de tesouraria e dos modelos salariais defendidos pela StratVet.
Nos CAMVs , apesar de estarmos numa Indústria pouco rentável (o que nos pode criar alguma dificuldade inicial e pressão sobre a tesouraria), a verdade é que estamos muito resguardados de crises económicas, uma vez que a sociedade atual percebeu a importância dos animais de companhia nos seus agregados familiares, como já se viu na crise financeira de 2008.
Obviamente que estaremos sempre dependentes da duração e intensidade desta paralisação, pelo que todos temos de nos preparar para algum impacto nas nossas vidas profissionais e pessoais.
Mantenham-se seguros e aproveitem para dedicar um tempinho à gestão das vossas empresas.